José Sarmento, analista da Fincor, Responde a três perguntas do Diário
Económico.
alerta para os riscos dos
mercados não estão apenas na Europa e defende um papel activo dos bancos
centrais para dar ânimo ao mercados.
-
Existe o risco deste Verão ser tão negativo para os mercados como o Verão
passado?
O
Risco existe sempre, mas é preciso ter em conta que em Agosto do ano passado as
quedas dos mercados accionistas foram de elevada dimensão, em especial na
europa no qual o mercado caiu 14%, pior mês desde a queda de Lehman Brothers.
No mês de Agosto de 2011 instalou -se o pânico nos mercados. Os sinais de
desaceleração na actividade económica global, o corte de rating nos
Estados Unidos pela S&P, o aumento do défice dos EUA, o agravar da crise da
dívida soberana da zona do euro e a incapacidade de resposta dos líderes à
gravidade da situação acabaram por justificar as fortes quedas registadas. Este Verão existem diversos riscos nas diferentes partes do mundo a que o investidor terá que estar atento e que poderão
desencadear novamente um aumento
significativo de aversão ao risco, nomeadamente, o agravar da crise da divida
soberana Europeia, os maus resultados de empresas nos EUA e o agravar do estado
de saúde da economia mundial.
- Quais os principais temas
que irão atormentar os investidores nas próximas semanas?
Os investidores
deverão estar particularmente atentos a 3 diferentes tipos de risco que poderão
atormentar os investidores e originar quedas dos mercados. Na Europa, o
destaque vai para a crise soberana e a sua evolução. Nesta região, os riscos
para os investidores poderão surgir de distintas frentes, nomeadamente, Grécia,
Portugal ou Itália. No entanto, deverá ser Espanha que merecerá lugar de
destaque, com os investidores a monitorizar de muito perto o agravar de crise
económica e necessidades do sector bancário que pode culminar com a
formalização de um pedido de ajuda publico do país. Nos EUA, os
investidores estarão atentos a: i) à reunião da reserva federal (FED) e à existência ou não
de novas medidas de estimulo económico (QE3)
e ii) à
época de resultados das empresas do país que
poderá ser a primeira a desiludir depois de vários trimestres com surpresas
positivas. O abrandamento
económico que se tem vindo a sentir nos países emergentes nomeadamente na China
e no Brasil poderá ser também um factor de instabilidade dos mercados.
- O que terá de acontecer
para os mercados terem um Agosto tranquilo este ano?
A materialização ou não dos riscos anteriormente
referidos serão decisivos para a rentabilidade dos mercados em Agosto. Assim,
os principais factores que poderão trazer um agosto calmo serão: i) continuação
de intervenção dos bancos centrais, quer pelo anuncio de novas medidas de
estimulo (FED) quer corte de taxas (BCE); ii) época de resultados de empresas
acima do esperado; iii) recuperação de indicadores macroeconómicos para níveis
semelhantes aos do primeiro trimestre nas principais regiões, nomeadamente,
EUA, China e Alemanha. A materialização de algum destes factores ou uma
combinação dos mesmos trariam maior tranquilidade aos mercados e um potencial de
retornos positivos aos mesmos.
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