sexta-feira, 25 de maio de 2012

FINCOR IN VIDA ECONÓMICA


Grécia, e Agora?

A Grécia entrou recentemente num novo patamar da crise com a paralisação política a que assistimos, com a impossibilidade de formar um novo governo após as eleições de 6 de Maio. O presidente convocou novas eleições para 17 de Junho e as sondagens dão uma possível vitória ao partido da esquerda radical, o Syriza. A posição anti-troika já anunciada por parte do Syriza pode desencadear uma teia de acontecimentos de desfecho imprevisível e que pode culminar com a saída da Grécia da Zona Euro.

Que consequências teriam a saída da Grécia da Zona Euro para o país e restantes estados membros?

Embora politicamente o processo de saída não seja linear nem simples, as consequências que o país enfrentaria são relativamente consensuais. Segundo o FMI, o PIB Grego cairia 10% no primeiro ano após a saída do Euro e a respectiva moeda depreciaria na ordem dos 50%. Assistiríamos a um processo rápido de empobrecimento do país e uma degradação forte da qualidade de vida da sua população.
Para os restantes países da Zona Euro as consequências também se esperariam muito violentas. O inevitável incumprimento das obrigações por parte da Grécia teria custos muito elevados para os restantes países da Zona Euro. A restruturação parcial ou total da dívida Grega, pública e privada, teria consequências arrasadoras para um sistema bancário Europeu já muito debilitado. O Contágio da saída da Grécia estender-se-ia também ao mercado obrigacionista de outros países e respectivos sectores financeiros, onde poderíamos assistir a uma fuga de depósitos. Uma eventual corrida aos bancos é difícil de prever uma vez que os depositantes europeus podem olhar para a Grécia como um caso isolado, mas se acontecer poderia ter consequências devastadoras para o sector. Quais os países mais expostos a este cenário? Claramente, Portugal, Irlanda e Espanha. Que medidas poderiam ser tomadas para evitar o colapso do sector financeiro? O BCE teria de intervir rapidamente no sector. Não sendo possível ao BCE ter posições no capital dos Bancos, a medida mais popular seria a criação de uma linha de liquidez ou de garantia de depósitos replicando o Modelo utilizado na Suécia nos anos 90. Claro que isto seria mais um enorme passo na integração europeia com fortes consequências políticas e, como tal, difícil de implementar em tempo útil. Isto permitiria aos bancos manterem o seu balanço sustentável apesar da corrida aos depósitos, no entanto, se actualmente a torneira do crédito já se encontra a conta-gotas, neste cenário, ficaria selada. Outra alternativa seria o congelamento dos depósitos, que teria o mérito de salvar os bancos mas que poderia ser fatal para a economia, tal como o foi no caso da Argentina.

E agora? 
Como podemos concluir facilmente, não é do interesse da União Europeia a saída da Grécia da Zona Euro. Também não é do interesse do povo grego, dadas as consequências que vimos anteriormente. Na última semana, uma sondagem efectuada no país revelou que 80% dos gregos continua a ser favorável á manutenção do país na Zona euro. Resta-nos acompanhar de perto os desenvolvimentos da situação. O mês de Junho será, certamente, determinante em novos desenvolvimentos. 


http://www.slideshare.net/Fincor/fincor-in-ve-artigo-opinio-250512

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