Grécia, e Agora?
A Grécia entrou recentemente num novo patamar da
crise com a paralisação política a que assistimos, com a impossibilidade de
formar um novo governo após as eleições de 6 de Maio. O presidente convocou
novas eleições para 17 de Junho e as sondagens dão uma possível vitória ao
partido da esquerda radical, o Syriza. A posição anti-troika já anunciada por
parte do Syriza pode desencadear uma teia de acontecimentos de desfecho
imprevisível e que pode culminar com a saída da Grécia da Zona Euro.
Que consequências teriam a saída da Grécia da
Zona Euro para o país e restantes estados membros?
Embora politicamente o processo de saída não seja
linear nem simples, as consequências que o país enfrentaria são relativamente
consensuais. Segundo o FMI, o PIB Grego cairia 10% no primeiro ano após a saída
do Euro e a respectiva moeda depreciaria na ordem dos 50%. Assistiríamos a um
processo rápido de empobrecimento do país e uma degradação forte da qualidade
de vida da sua população.
Para os restantes países da Zona Euro as
consequências também se esperariam muito violentas. O inevitável incumprimento
das obrigações por parte da Grécia teria custos muito elevados para os
restantes países da Zona Euro. A restruturação parcial ou total da dívida
Grega, pública e privada, teria consequências arrasadoras para um sistema
bancário Europeu já muito debilitado. O Contágio da saída da Grécia
estender-se-ia também ao mercado obrigacionista de outros países e respectivos
sectores financeiros, onde poderíamos assistir a uma fuga de depósitos. Uma
eventual corrida aos bancos é difícil de prever uma vez que os depositantes
europeus podem olhar para a Grécia como um caso isolado, mas se acontecer
poderia ter consequências devastadoras para o sector. Quais os países mais
expostos a este cenário? Claramente, Portugal, Irlanda e Espanha. Que medidas
poderiam ser tomadas para evitar o colapso do sector financeiro? O BCE teria de
intervir rapidamente no sector. Não sendo possível ao BCE ter posições no
capital dos Bancos, a medida mais popular seria a criação de uma linha de
liquidez ou de garantia de depósitos replicando o Modelo utilizado na Suécia
nos anos 90. Claro que isto seria mais um enorme passo na integração europeia
com fortes consequências políticas e, como tal, difícil de implementar em tempo
útil. Isto permitiria aos bancos manterem o seu balanço sustentável apesar da
corrida aos depósitos, no entanto, se actualmente a torneira do crédito já se
encontra a conta-gotas, neste cenário, ficaria selada. Outra alternativa seria
o congelamento dos depósitos, que teria o mérito de salvar os bancos mas que
poderia ser fatal para a economia, tal como o foi no caso da Argentina.
E agora?
Como podemos concluir facilmente, não é
do interesse da União Europeia a saída da Grécia da Zona Euro. Também não é do
interesse do povo grego, dadas as consequências que vimos anteriormente. Na
última semana, uma sondagem efectuada no país revelou que 80% dos gregos
continua a ser favorável á manutenção do país na Zona euro. Resta-nos
acompanhar de perto os desenvolvimentos da situação. O mês de Junho será,
certamente, determinante em novos desenvolvimentos.
http://www.slideshare.net/Fincor/fincor-in-ve-artigo-opinio-250512
Sem comentários:
Enviar um comentário